terça-feira, 10 de abril de 2007

Professor Wallauschek, um gentleman

Richard Robert Wallauschek

Um gentleman. Era tão elegante que até sua costeleta lhe caía bem.
Toda vez que o via, imaginava aquele aristocrata culto, cavalheiro, educado e fino.
Acho que tocava violino.
Era o chefe do Departamento de Eletrônica do ITA. Trabalhara na Alemanha, durante a guerra, em eletrônica. Na área de ondas curtas? Radar?
Na viagem que fizemos à Argentina apreciei seu requinte culinário. Pediu um bolo de rignones, rins. Não o segui e fiquei abismado que alguém pediria rins! Rim é comestível?
Veio o prato e saboreou-o com muito gusto! Elogiou e disse que há muito não comia rim tão bem feito.
A minha cara de espanto fê-lo me perguntar se já o provara. E explicou que os europeus, devido às guerras e fome, experimentavam as várias comidas. Sugeria que o fizesse.
Anos mais tarde, fomos roubados em Marselha, eu e minha mulher. Foram se passaportes, passagens e dinheiro. No carro que alugáramos, partimos para Paris. Verão, quente e carro sem ar. Nós muito abalados.
Chegamos à cidade de Auxerre, próxima de Paris. Chegamos suados, de calça jeans, amarfanhados. O hotel que nos indicaram era estranho. Quarto com espelhos escuros no teto! Tínhamos um cartão de crédito e coisa de duzentos dólares no bolso.
A dona do hotel nos indicou um restaurante, enquanto fumava e passava roupa. Fomos e não fora a indicação, nem o notaríamos e não entraríamos.
Quando abriu a porta foi dos restaurantes mas belos e sofisticados que vira. Com nossos trajes perguntamos se podíamos entrar. Foram gentilíssimos, inclusive o cliente que nos deu boas vindas, dizendo que iríamos apreciar a comida.
E se o cartão de crédito não funcionasse? Alea jacta est. Resolvemos curtir.
Veio uma espécie de bolinhos de entrada, coisa do outro mundo, supimpa mesmo.
Helô pediu lagosta e eu um assiéte de fruits de mer e o prato do dia. Eram rins! Lembrei-me do Wallauschek e topei. Experimentar rim, que fosse ali. A lagosta veio numa bandeja, ainda viva, para que Helô a visse, antes do cozimento.
O prato de frutos do mar tão bom de olhar quanto de comer. A comida foi deliciosa e o cartão funcionou,
Anos mais tarde, no Rio, conversando com jovem francês, comentamos o episódio. Riu e disse que fôramos a um dos restaurantes preferidos de Miterrand, duas estrelas e famoso. La Salamandre, pode ser?

domingo, 8 de abril de 2007

O tempo - Conselho de Classe

Conselho de classe é uma reunião da equipe pedagógica com os professores.
É uma avaliação do que foi feito até aquele momento, o aproveitamento dos alunos e traçando novas metas.
Usa-se um artigo, um escrito, etc. como gatilhos para gerar reflexões na equipe.
Muitos são de autoria de Heloisa, Helô, minha mulher que trabalha como coordenadora pedagógica na Escola Espaço Total, em São Conrado. Gosto de seu estilo e o publico. Espero que gostem.


Conselho de Classe
4° Bimestre - 2003

A lição do tempo

O relógio marca o tempo,
tempo de rir e chorar
de dormir, de acordar
e de muito trabalhar.
Tempo de olhar a criança
que marca o nosso fazer,
nos ensinando que o tempo
ninguém pode segurar.
Mas podemos enxergar
o hoje do amanhã
e a semente cultivar
com respeito e atenção
regando com o coração
e aprendendo a lição
de que ao nosso lado está
o futuro cidadão
que nunca vai esquecer
os primeiros professores
que a ajudaram a crescer.

Educação Infantil é isso.

O começo de tudo. E terreno bem semeado só pode dar bons frutos.

Obrigada por serem "as semeadoras" do nosso Espaço, que podem olhar para a criança com respeito, dedicação e amor, acreditando que o tempo é o seu melhor aliado.

Nós

O marketeiro Tomás Ratzerdorf, El 59.

O Marketeiro Tomás Ratzerdorf, El 59.

O Edson Paladini Veiga, El 59, o Patativa, o chamava de Tecnicolor: ruivo e olhos azuis.
O lance dele que me lembro, foi quando estávamos no mesmo lab. de eletrônica em que projetamos e construímos um amplificador de válvulas. Amplificador para uma toca disco, se de 78 RPM ou 33, não me lembro. E não é que amplificou! Voz de cana rachada, mas funcionou. Dos nossos risos meio nervosos e de conquista, me recordo até hoje.
Passo a palavra para ele.

“Sou um eletrônico da era analógica, quando ainda se usavam válvulas. Nunca entendi direito o sistema binário e só fui pôr a mão num computador nos anos 80, quando surgiram os PC’s. Entrei no ITA porque já fizera um curso de Rádio e TV por correspondência e achava que essa era minha vocação. Não foi bem isso que acabou acontecendo...
Em 1959, quando me formei no ITA, o reitor era o Samuel Steinberg que arranjou para mim e para meus colegas Silvio Soares, Barros Carvalho, Ruy Brandão e Reinaldo Ramos um contrato de trabalho por 2 anos com a Bendix Avionics em Baltimore – MD, USA. Acho que fizemos parte do processo de “Brain Drain” vigente na época.
Alugamos um sobradinho todo equipado de um senhor que tinha ficado viúvo e compramos um Chevrolet coupé 1948 por 125 dólares. Como eu era um dos poucos que tinha carro e carta de motorista no tempo do ITA, coube a mim a tarefa de dirigir o carro todos os dias para a fábrica e servir de instrutor de auto-escola para os demais.
Fui trabalhar no projeto de um transponder de radar para aviação civil e lembro que o gerador de pulsos eram 4 válvulas duplo-triodo, os conhecidos “flip-flops”. O Silvio e o Ruy também trabalharam em aviônica enquanto o Barros e o Reinaldo na divisão que fabricava rádios para automóveis da Chrysler e equipamento de comunicação para trens.
O Ruy foi um dos pioneiros no uso de computadores para projeto de circuitos eletrônicos, mas isto deixo para ele relatar.
Depois de quase um ano de projeto e ensaios em bancada, veio a ordem para abandonar tudo e começar do zero com a novidade da época: transistores (de Germânio!). Mais alguns meses de projeto e ensaios e estes tiveram que ser substituídos por transistores de Silício, que agüentavam melhor as altas temperaturas a que são submetidos os equipamentos instalados a bordo de aeronaves. Um ano mais tarde, já se começava a pensar em Circuitos Integrados, aproveitando a tecnologia desenvolvida para os transistores de Silício, o que trouxe novos atrasos para o lançamento do transponder.
Após um ano de trabalho, passamos de Junior Engineers (que tinham crachá rosa e tinham que bater ponto) para Assistant Project Engineers, com crachá azul e livres do ponto!
Ao final dos 2 anos de contrato, todos fomos convidados a continuar na Bendix. O Silvio e o Ruy ficaram por lá, enquanto eu, o Barros e o Reinaldo voltamos para o Brasil e cada um seguiu seu destino.
O meu destino foi ir trabalhar na Ibrape (hoje Philips Components) num cargo ainda desconhecido no Brasil: Engenheiro Consultor. Na verdade tratava-se de Engenheiro de Vendas, mas a palavra Vendas não soava muito bem na época. Meu trabalho era convencer os departamentos de engenharia das cerca de 30 fábricas de Radio e TV das vantagens dos componentes fabricados pela Ibrape (válvulas, transistores, capacitores, cinescópios, etc.). Para isso, me valia dos conhecimentos adquiridos no ITA e de uma generosa distribuição de amostras grátis, bem ao estilo dos propagandistas de medicamentos até hoje.
E assim começou minha carreira de marketeiro, que culminaria como Gerente de Marketing até 1978.
Foram 17 anos na Ibrape, promovendo a venda de componentes que custavam menos de 1 dólar. Em 1980 dei um salto no escuro: fui trabalhar na Divisão de Planejamento de Marketing da Embraer, para promover a venda de produtos que custavam mais de 1 milhão de dólares cada um! Tive que deixar de lado a Eletrônica e aprender rápido o que é Peso Máximo de Decolagem, Alcance, Velocidade de Cruzeiro, etc. para produzir os folhetos e anúncios dos aviões. Foram mais 11 anos de marketing, dos quais guardo as melhores lembranças devido aos companheiros que conheci e ao pioneirismo da Embraer, que me surpreendia a cada dia.”

segunda-feira, 2 de abril de 2007

Coisas do ITA – Leis e brinde

01 04 07

Leis
Engenheiro, ou futuro engenheiro, tem mania de fazer coisas sistemáticas. Lembro-me das leis do Universo (modestos, não!).
V=RI (voltagem = resistência X amperagem) explicava a eletricidade e Força=massa X aceleração explicava a mecânica. Pronto, o mundo físico estava explicado.
Não se deve empurrar o barbante. (Lei do Bom Senso)
O último pingo é da calça. (Lei da Fatalidade)
A mulher te gosta na razão direta da porrada e inverso da paparicação. (Lei do Nelson Rodrigues ou do machão insensível?)

Brinde
Que nossos filhos tenham mamães lindas, pais ricos e que pelo menos um seja nosso. (Lei de alguma coisa).

domingo, 1 de abril de 2007

Vivências correções e sugestões 01 04 07

O /360 - 40 do Bureau de Serviços no Rio tinha 64K e não 128K.
Se não me engano os /360 tinham como sistema operacional DOS e os OS (MFT e MVT). Estes últimos viraram MVS creio que na era /370.

Minha vaga lembrança foi devidamente corrigida. Difícil imaginar um equipamento, hoje, quando escrevo, apenas com 128K!

Caro Fernando,
Que bom que você decidiu criar um blog! Você vai ver que será um grande sucesso de público e de crítica...
Começando pelas críticas queria fazer duas sugestões:
DESOBSTRUA O ACESSO AOS COMENTÁRIOS
Da forma como está especificado, somente pessoas que tem uma conta de e-mail no Gmail, poderão fazer comentários no seu blog. Dessa forma, quem não tem, não pode fazer comentários. Isso é uma restrição séria...
Caso você tenha preocupação com a qualidade dos comentários você tem uma opção de “moderá-los”, ou seja, você pode vê-los e aprová-los antes que apareçam no blog. É uma solução melhor do que a que está em vigor.

Pretendo fazê-lo.

OS POSTS DO BLOG ESTÃO QUILOMÉTRICOS
Um dos segredos de um blog bem sucedido é usar “posts” curtos, sempre que possível, e nomear cada post com títulos instigantes. Os seus estão muito longos (quebre-os em 4 ou 5 posts). Chamar todos os posts de “Vivências, mudanças e curiosidades” 1, 2, 3, etc. é meio enfadonho, não é? Vivências deve ser o nome do blog mas o nome de TODOS os posts...

Tenho dito!

Disse-o bem. Já começo a rever.

Um abraço forte,
Waldecy


Coloco a crítica e sugestão em itálico. As minhas observações, sem itálico.